" SÓ NELE "
Assim sou eu, nem certo e nem errado,
mais um protagonista nesse enredo
que descobriu já desde muito cedo
que trás em si o germe do pecado!...
Já fui da culpa escravo e, enfim, do medo
mas pela cruz me vejo libertado
e pelo sangue, ali, justificado
de engano, quer do intencional ou ledo.
Há muito em mim ainda a ser mudado;
Deus bem conhece, ao certo, o meu estado
e me prepara a glória ainda por vir...
Ele há de completar a Sua vontade
de me amoldar no amor e santidade
que nEle, e nEle só, pode existir!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" NÃO DEU "
Desculpe... Hoje não deu! Meu coração
cansado de sorrir sem sentimento
fechou-se para o instante, enfim. Lamento!
Hei de sofrer-te a dor do amor. Perdão...
Não dá pra respirar, bem que eu o tento,
mas falta o teu olhar de prontidão
naquele encontro pleno de paixão
que se entregava, em tudo, cem por cento.
Careço o colo amigo, o toque ameno,
o peito a recostar-se em mim, sereno,
as prosas no jardim... Teu riso ao rosto...
Não deu mais pra fingir! Bem que o tentei...
Desculpe, mas doeu... De amor, sangrei
a dor do afastamento ora me imposto!
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" DÚVIDA AO POSTO "
Amigo meu me disse que "tem posto"!
Que tenho eu a ver com que me disse?
O dito pode até só ser sandice
jogada-me por nada assim no rosto.
Não sei se por vanglória ou criancice
se referia, o tal, ao que proposto...
Se a frase pôs, na dúvida, o que exposto
falhou bem, muito mais, quem lhe predisse!
Se foi substantivo o "posto" dito
sucumbe o verbo tal como lhe cito
pois nada "pôs" quem disse e que nem ranga!...
Já posto que há duplicidade, a frase,
aproveitando, pois, quem por lá passe
pergunte ao moço do Posto Ipiranga!...
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" QUE EU SEJA "
Me quero posto no teu sentimento
feito um afeto mais do que esperado;
fazer-me nele o companheiro ao lado
e assim presente junto ao pensamento.
Te ser o sol de um dia iluminado,
a brisa leve a se perder no vento...
Ser teu amparo, força, o teu alento
no tempo hostil, sem luz, determinado.
Anseio ser teu riso dado à face,
a chama da paixão no teu enlace
e o fogo do desejo ao corpo posto...
Em toda a tua lembrança vinda à mente
o abraço dado forte ou docemente...
Do beijo, na saudade imposta, o gosto!
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" ESCALDADO "
É víbora, serpente, tentação
na forma de mulher... Ela é pecado
a me deixar disposto e fissurado
em tê-la nos embalos da paixão!...
O olhar sem medo algum, escancarado,
me chama à chama posta em sedução
e, pego pelo instante de emoção,
me vejo deste broto enamorado.
Mas eu, no jogo, sou gato escaldado
por vezes nesta vida machucado
e fujo da armadilha, sim, portanto...
Na vida, a me imperar ainda a dor,
enquanto tantos lutam por amor
eu fico a defender-me dele, e quanto!...
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" HÓSPEDE "
Passei um cafezinho pra saudade
que veio visitar-me inesperada...
Me pareceu tristonha e mui cansada
talvez sentindo o peso seu da idade!...
Falamos de você, por relembrada
a vida desde a nossa mocidade,
e quanto que houve de felicidade
florindo a história posta em nossa estrada.
Fez frio naquela tarde e o seu açoite
foi se estendendo assim por toda a noite
e se agravou na madrugada a fora...
Dei pouso pra saudade e, desde então,
se como acostumada ao coração
de mim jamais partiu seguindo embora!
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" DEVAGARINHO "
Esqueça o que já foi tanta alegria,
os dias dos encontros à escondida,
um carro, uma calcinha por perdida,
namoro aos pés do Cristo ao fim de um dia!...
Dois cães, dois invisíveis nesta vida
por entre a multidão que não nos via...
Esqueça da igrejinha aonde havia
uma subida aos céus e ela escondida...
Passou-nos tanto tempo... Esqueça tudo...
Tornei-me um velho, tonto e barrigudo...
Esqueça até da pedra no caminho!...
Só peço, pelo amor feito a paixão
enquanto ainda me tens no coração:
esqueça-me, mas bem devagarinho!
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" MEXIDA "
Mexeu comigo, o olhar dado em secreto,
regado de desejo e de paixão;
mordeu seus lábios só por sedução
num suplicar de amor sutil, discreto!...
Até o café servido ali, com pão,
seu jeito de mexer fez ressurreto
meu sonho e anseio que, por meu decreto,
julguei não mais querer no coração!
Sorriu-me, disfarçando, essa mulher;
baixinho sussurrando que me quer
a transtornar-me ali bem como quis...
Bem sei que a qualquer hora, acessa a chama,
vou tê-la entre os lençóis por sobre a cama
mexendo, e com prazer, os seus quadris!!!
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" ESCRITA "
Para escrever poesia, a inspiração
é tudo que o poeta, sim, precisa...
Lhe basta, após, sentir o ar, a brisa,
pulsar-lhe os versos vindos na emoção!
Então, como algo que a alma profetisa,
as formas vão ganhando proporção
e a rima vinda lá do coração
com graça e charme, o belo, poetisa.
Eu quis a perfeição versando o amor;
compondo estrofes na paixão e ardor
somente para o teu prazer e enlevo...
Descubro que a poesia, enfim, eleita
é, de uma inspiração sem par, perfeita,
aquela que em teu corpo, amando, escrevo!
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" PERDOA-ME "
Amado sei que fui, mas meu pecado
me fez tombar ao chão tal se ferido;
sim, eu que fora, vezes mil, querido
do amor me vejo agora desprezado!...
Amei de forma tosca e sem sentido
e o fiz, como bem sei, do jeito errado;
dos erros tantos feitos sou culpado
eu que, pelo prazer, fui seduzido.
Restou-me por cruel condenação
lembrar-me da mulher cuja paixão
me deu tanto querer e amor sincero...
Amado eu fui... Porém, hoje sozinho,
perdão de quem me amou em seu caminho
de fato e de verdade é o que mais quero!
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019