" NÉCTAR "

Eu extraí o doce mel da flor

se como eu fosse um beija-flor ligeiro;

beijei-lhe a fonte de prazer primeiro

numa expressão fiel do meu amor!...

          Num toque leve, bem sutil, maneiro,

          lhe fiz verter o divinal licor

          e penetrei-lhe com paixão, vigor,

          pra retirar-lhe o gozo por inteiro.

Cedeu-me o néctar a gemer baixinho

na doce entrega pelo meu carinho

como a saber da fome em mim presente

          pra regalar-se desse encontro afável

          e, pra selar o instante memorável,

          por satisfeita e em paz dormiu contente!...


©Paulo Braga Silveira Junior - Dezembro/2018

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" PERFUME "

Andei pelo jardim em flor da vida

a contemplar as tantas que me dera;

Havia algumas, sim à minha espera

dentre uma ou outra pronta a ser colhida!...

          Floriram no esplendor da primavera

          à luz do sol, por graça oferecida!

          De alguma mais ousada e destemida

          colhi o carinho exposto na paquera.

Algumas me feriram com espinhos

ou se perderam lá nos descaminhos

do amor a esmorecer no fim do lume

          mas, dentre tantas no jardim florido,

          julguei por certo (e bem) ter te escolhido

          pra unir meu corpo ao teu num só perfume!...


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" PRÓPRIO MAU "

Lá desde Adão que o homem renuncia

seguir, de Deus, a orientação...

Poder interno busca com paixão

e insanamente, neste eu, confia!

          Mas ai do homem que, por solução,

          no próprio homem dentro em si se fia!...

          Há de afundar-se e descobrir, um dia,

          que, fora em Cristo, não há Salvação!

A raça inteira, pois, é degradada

e por si só tornou-se condenada...

Não evolui! Piora, enfim... Não cresce...

          O homem que acredita em seu poder,

          em obras que lhe impeçam de sofrer,

          do próprio mau que é, por fim, padece!...


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" SÓ MINHA "

Contigo eu dividia o tempo, a vida,

as horas de tristeza ou de alegria;

também contigo as cargas repartia

na história que nos foi por concedida!...

          A nossa intimidade e fantasia,

          os sonhos de uma aurora prometida,

          as perdas dessa luta atroz, renhida,

          contigo e ninguém mais eu dividia...

A fome, a gana, a sede de prazer,

o encaixe exato a nos satisfazer,

o mundo a dois sem dolo e sem maldade...

          Agora, sem do riso teu o encanto,

          não há com quem eu dividir meu pranto...

          Só minha se tornou essa saudade!


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" LAMPEJO "

Sorriu-me como outrora, um riso aberto,

e olhou-me com desejo e com paixão

pra logo após tocar-me o coração

no ensejo deste amor em nós desperto!...

          Tomou-me gentilmente pela mão

          levando-me cortês por rumo certo

          deixando, o corpo nu, de mim bem perto

          pra despertar assim toda a emoção...

Senti-lhe a pele, o cheiro, o toque ardente

se como apelo o fosse, de eloquente

e, sim, tão incontido sentimento...

          Foi tão real, embora a imagem vinda

          trazendo-a para mim tão casta e linda

          fosse um lampejo dela ao pensamento!


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" CONCLUSA "

No entardecer da vida pincelei lembrança

assim, numa aquarela plena de saudade,

e colori de amor a imagem que me invade

conforme o tempo a me encantar sutil avança!...

          Já velha e fraca tanto quanto a minha idade

          pintei a antiga e alegre casa onde eu, criança,

          notei por mim, pequena ruiva ali de trança,

          passar singela sob a luz da castidade...

Assim sequer de algum retoque a imagem feita

compôs-se bela adolescente, a minha eleita,

pra logo após linda mulher torná-la, então,

          e dos pincéis desta memória em mim latente

          a se entregar aos braços meus, feliz, contente,

          termino a obra a admirá-la com paixão!!...


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" LONGE "

Só sei que ela me deixa assim, perdido...

Sem voz pra me expressar, pateta e meio,

vagando entre a coragem e o receio,

prostrado ante o seu brilho, ao chão, vencido!...

          A espero, mas parece que não veio...

          O tempo faz-me bobo; esse iludido

          por tanto charme e graça confundido

          que sonha aconchegar-se no seu seio!...

Agora que a revejo perco o rumo;

pra me fazer notar nos pés me aprumo,

suspiro, faço pose igual de artista

          mas passa ela por mim sem me dar bola,

          disfarça o olhar, sorri, ginga e rebola

          e já do amor por mim bem longe dista!...


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" FALTA "

Fechei balanço para o fim de ano

a contabilizar a minha vida...

A ideia é ter a justa, pois, medida

do que acertei, ou não, junto ao meu plano!...

          Sangrei, sorri, nadei, curei ferida,

          me sufoquei na mágoa e desengano...

          Das glórias e conquistas não me ufano;

          não foi nenhuma delas pretendida.

Juntei meus cacos vindos na memória

tentando compreender a minha história

de acertos tão vazia e inconsequente...

          Fechei as contas todas... Não bateu!

          Faltou teu corpo nu bem junto ao meu

          nas horas de paixão e amor fremente!...


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" SÓ "

Quisera o te abraçar enquanto há vida;

beijar-te novamente como um dia

tomado de carinho e de alegria

beijei-te a boca a mim oferecida!...

          O teu olhar, naquele adeus, sorria

          por sabedor que te era a despedida

          e que, por ser o instante da partida,

          sofria o meu olhar; teu coração sofria!...

O meu amor tão impotente a tudo

olhou-te a ultima vez, calado, mudo...

Por graça a eternidade n'alma pisas...

          A vida, o encanto da poesia, o riso,

          te aguardam no jardim de um paraíso...

          De Cristo, e só, é tudo o que precisas!...


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" TATUADA "

O olhar vacila; busca o céu, perdido

se como houvesse alguém lá no infinito

pra ouvir-lhe, entre as estrelas mil, o grito;

e sangra em lágrima de dor, ferido!...

          A ti que tanto anseia ver, aflito,

          ciente do precioso amor havido

          por mais que outras nascessem da libido

          pra aliviar-lhe o ardor no mau predito!...

É o corpo teu que busca junto ao peito

e és tu que ele deseja do seu leito

na hora que lhe evoca uma paixão...

          O olhar busca no céu a tez perdida

          daquela que deixou-lhe a alma ferida

          mas nunca lhe saiu do coração!


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