" REMISSÃO "

Escorpião por natureza... Fera

que só machuca em mágoas e tristeza

a quem se achega mansa ou indefesa

e que, de mim, o mal jamais espera!...

          Por ser assim, concluo e com certeza

          que a minha sina e sorte prepondera

          que eu fique só, porquanto em mim prospera

          essa alma pobre em cartas sobre a mesa.

Amei, mas nem assim, poupei de dores

a quem doou-me em carne os seus amores...

Me aguarda, sem piedade, a solidão!...

          Encontrarei no areia do deserto

          sangrada a dor que fiz, de peito aberto,

          da culpa em mim julgada, a remissão!


©Paulo Braga Silveira Junior - Fevereiro/2019

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 " ACHEI "

Achei, nela, a quietude da alma minha,

a paz feita em sorrisos, fé e abraços...

Então achei melhor firmar os laços

que essa paixão em mim não se continha!...

          Achei-a bela, feita em finos traços

          se como planejada a ser rainha

          e tudo o que esperei, de fato, tinha

          pra ser-me a companheira dos meus passos.

E desnudou-se a mim, sem castidade,

gemeu, arfou, gozou toda a vontade,

intensa a fome e isenta à própria lei...

          Eu cri que a chama posta em tanto ardor

          lhe era, então, por devotar-me amor...

          Assim, ela não creu... Só eu que achei!


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" AMIZADE "

Acaso? Sorte? Predestinação?

Um encontro dado a esmo numa esquina

e firma-se na hora repentina

a luz de um bem-querer no coração!

          Alguns dirão destino, também sina,

          o fato não altera a descrição

          que tudo nesta vida tem a mão

          de quem, a criação sem par, assina.

Pequeno instante dado, de alegria,

de prosa à toa, risos, de euforia

por ver brotando ali, pela cidade,

          o fruto semeado num cantinho

          e que cuidamos tanto com carinho

          a que chamamos, gratos, de amizade!


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" ENTREGUE "

Foi quando eu descobri que já não era

o sonho, o amor, nem mesmo a companhia...

Eu me quebrara ali, sem fantasia,

no entardecer de um dia em primavera!

          Saí sem dar o adeus que me feria

          já visto que a concórdia nem houvera

          e me tornei o mal, a besta fera

          pra quem me amara e, após, não me queria.

Olhei-me deformado, ao chão, ferido,

a desejar jamais haver nascido...

Era a primeira vez frente a mim mesmo!...

          Como haveria alguém de amar-me assim?

          Prostrei-me, então, num pranto a não ter fim

          e me deixei morrer no caos, a esmo...


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" ENGANOSA "

Às vezes a alma implora, pede, clama,

por sonhos que nos ferem a razão

mas que nos dão prazer ao coração

e que este, de bom grado então, se inflama!

          Daí, fazemos coisas sem noção

          seguindo das vontades, pois, a trama

          que o proceder insano nos conclama

          botando fogo ardente na paixão.

Nos pesa a consciência, a culpa grita,

o pensamento, pra ter paz, se agita

tentando se aprumar no que é coerente...

          Ó alma minha, amante do pecado...

          Pra ter o amor me ensina tudo errado

          e zomba, após, ao ver-me tão contente!!...


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" ALENTO "

Foi como oásis puro num deserto

onde encontrei abrigo e proteção...

Pra sede angustiante de paixão

se fez de amparo para o amor liberto!

          Bebi-lhe d'água à fonte em profusão

          atento ao sentimento ali desperto

          e por tamanho anseio recoberto

          banhei-me sem temor no coração.

Ainda há sol por todo o meu caminho

e areia aos pés no rumo em desalinho

por onde prosseguir o meu destino...

          Achei ali meu fôlego de vida

          que me refez na estrada pretendida

          por onde sigo em paz... Eu, peregrino...


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" INSÍPIDO "

A cada gole de café um pensamento,

lembrança solta a se fazer em mim presente;

do amor, a imagem que minha'lma lhe sente,

uma emoção, a ideia pronta, um sentimento...

          Sozinho à mesa a companhia é um vulto ausente

          eito em presença num suspiro e num lamento

          e, ali sentado a tudo em volta desatento,

          sou réu de amar. De uma paixão, o delinquente!

Por mim transitam belas moças, outras, damas,

fogosas jovens pra pecado; acesas chamas

em cujo ardor o casto lume foi deposto...

          Relembro a mesa; entre as conversas, um sorriso,

          tudo era encanto, era o meu céu, meu paraíso...

          Eu dele ausente, até o café não tem mais gosto!...


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" O AMOR "

Te sangra a entrega feita, a vez primeira

incômoda e por certo que dorida...

O amor, por consumado, abre a ferida

que assim se manterá pra vida inteira!...

          Em breve esquecerás a dor sentida

          pois que o prazer, na ânsia costumeira,

          se faz de fera esperta, audaz, ligeira,

          e rouba-te a memória preterida.

Te queimarás nas chamas da vontade

e sentirás, do fogo, a intensidade

a compelir-te a mais que o gozo é santo...

          Amor... Um sentimento à carne posto

          que rasga a pele, fere e, de mau gosto

          consigo trás sofrer, saudade e pranto!


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" SEDUZIDOS "

Eu não te programei na minha vida

nem te escolhi, busquei ou fato igual...

Destino fez, de forma casual,

que te tornasses minha; a pretendida

          e, sem frescura alguma ou coisa e tal,

          a tua destra foi-me oferecida

          na parceria exata me estendida

          a par do encanto teu, tão jovial...

Me entrelacei no laço dos teus braços

e me afoguei no mar dos teus abraços

por entre, de prazer, os teus gemidos

          e nesse encaixe pleno consumado

          amei-te mais que houvera outrora amado

          pois que, de amor, nós fomos seduzidos!


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" DESATINO "

Se sonha o riso feito em alegria,

o instante que de paz se faz presente;

sonhamos com o bem estar da gente

a ser pra nós completo, dia a dia!...

          Amor é o que se quer, paixão fremente,

          desejo que pro corpo se irradia

          e que, das tentações, nos contagia

          chegando a possuir-nos lentamente...

Aspira-se o querer feito esperança,

a fé tão terna, igual de uma criança,

um bom futuro, longo e promissor

          mas, ai do homem que, num desatino,

          se acha dono, enfim, do seu destino

          e não devota a Deus nenhum temor!...


©Paulo Braga Silveira Junior - Fevereiro/2019

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