" CRIANÇA "
A vida adulta trouxe dissabores
e toda a pressa expressa em correria
fazendo tudo ter no dia a dia
uma inversão completa de valores!...
Na infância o amor dos pais já me valia
e, no arranhão, soprar curava as dores;
se medo o escuro impunha em seus horrores
pra cama deles rápido eu fugia.
O tempo era comprido e demorado...
Bastava o céu estar ensolarado
pra rua abençoar-me de esperança...
Cresci... Já beiro a velho e vejo agora
que errei quando eu adulto pus pra fora
as coisas simples próprias de criança!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" VIVEI-O "
Não desprezeis o amor assim, por nada;
não desprezeis o amor em vós, jamais...
Sois nele o afago puro n'alma e mais:
consolo a quem se perde na jornada!...
Amor que sofre as dores eternais
que em tudo crê e espera na alvorada;
vós sóis quem suportais no caos da estrada
o peso da injustiça dos mortais.
Pois vede... É neste amor feito menino
que habita o bem maior do dom divino
a dar-vos de bom grado a eterna vida...
Vivei-o em toda a força e sem temor
a transbordar-vos plenos deste amor
na graça que vos foi por concedida!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" VOZES "
Eu ouço vozes junto ao pensamento
se como gritos dados de emoção
chamando para si toda a atenção
num eco interminável de lamento!...
Agora mesmo... Escute... A inquietação
me vem do coro deste meu tormento
a me arrastar por chão tão lamacento
tal fosse apenas caos meu coração.
Suplicam teu olhar, a tua presença,
teu corpo na paixão voraz, intensa,
disposto a se entregar com todo ardor...
Loucura talvez seja... Insanidade...
Quem sabe, um choro triste de saudade
que apenas, n'alma, implora o teu amor!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" ILÍCITO "
Ilícito nos era, mas, no entanto,
rompemos a barreira do bom senso
levados pelo fogo à pele, intenso,
envolto de paixão plena de encanto.
Naquela tarde vinda eu sempre penso
a relembrar do amor proposto, e quanto,
regado tantas vezes só no pranto
a tanto bem querer em mim propenso.
Deixamo-nos levar de doce afetos
dos ventres nus, colados e inquietos,
febris do gozo a vir por tal enlace...
Nos era assim, ilícito... Pecado...
Mas hei de recordar ter muito amado
enquanto essa saudade, enfim, me abrace!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" DEIXAMOS "
Deixamos pra depois por leviandade
e displicência nossa, tão somente!...
Tornou-se, pois, por hábito frequente
o postergar o afeto, é bem verdade!...
Amor é instante intenso, audaz, fremente,
requer dessa emoção a intensidade
vivida a dois, em plena liberdade,
na entrega feita e aceita livremente.
Deixamos pro amanhã... Mas ele existe?
Quem nos garante do que se consiste
o que ele nos trará em sua demora?!...
Deixamos pra depois... Erramos nós!
O amor nos prende e enlaça em firmes nós
se lhe bebermos todo, inteiro, agora!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" RESSACA "
Tomei um porre de lembrança boa
e enchi a cara de recordação
apenas por lembrar de uma paixão
que, dentro d'alma minha, ainda me ecoa!
Vestia apenas charme e sedução
e embora recordar-lhe ainda me doa
eu creio que a busquei, não foi à toa,
porquanto ela me aplaca a solidão.
Deitei-lhe os lábios meus à pele exposta
e dei-lhe do prazer que tanto gosta
suprindo a fúria vinda à carne fraca...
Do amor que lhe entreguei sem preconceito
ferindo o coração dentro do peito
restou-me só lembrança e essa ressaca!!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" CERNE "
Há ramos pelas ruas da cidade...
De novo estamos nós nesta ilusão
de que O reconhecemos de antemão
e O proclamamos Rei, por ser verdade
mas o que habita o nosso coração
não passa de arrogância e de vaidade...
Queremos Tuas bênçãos e bondade
porém, nos governar, queremos não!
À cruz Te conduzimos todo dia
por entre os nossos gritos de euforia...
- Crucificai-O!... Sim... Não nos governe!!...
Irmãos, pois, me escutai... Jesus é Deus!
Da salvação proposta aos atos teus
Ele é portanto, em toda a essência, o cerne!...
©Paulo
Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" NEGROS "
Cabelos negros, tinha ela... Ao vento
bailavam soltos num brilhar de estrela!...
Era-me encanto inigualável vê-la
e tê-la nua aos braços meus, o intento.
Tal tentação presente em mim, contê-la
já não me era mais possível... Tento,
sem qualquer luz sobre o meu pensamento
por todo meio enfim, pois, compreendê-la!
Cabelos negros, tintos como a noite,
sorriso farto a me cortar no açoite
feito o desejo que me rouba a calma...
Matou-me o sonho... Era mulher da vida
que nunca amou, não tinha luz, perdida...
Mulher cruel que enegreceu minh'alma!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019
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" JOÃO PEDRO "
Ao berço docemente acomodado
João Pedro, num bocejo displicente
contempla as luzes fortes e, inocente,
nem sonha o mundo a ele apresentado!...
Eu vejo aquele pingo ali de gente
e sinto o peito meu emocionado
se como já o tivesse sempre amado
pra sempre, desde sempre e eternamente.
Que as bênçãos do Senhor determinadas
lhe sejam suavemente derramadas
no transcorrer assim dos dias seus...
Mais uma vez, cumprindo a Sua promessa
na graça que em amor nos endereça,
por Cristo sobre nós Fiel foi Deus!...
©Paulo Braga Silveira Junior - 15/Abril/2019
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" BEIJA-ME "
Te desejei num beijo adolescente
roubado ali na beira do portão
no arrobo de um pulsar do coração;
no arrojo de um querer em mim fremente!...
Depois sonhei-te um beijo de emoção
que chega sempre brando e suavemente;
o beijo de um amor serviu, carente,
repleto de ternura e devoção.
Te descobri mulher na essência tua
e quis beijar-te inteira, em pelo, nua,
na força, enfim, que a tanto ardor se baste...
Agora peço o beijo de ventura
que traga-me, por derradeiro, a cura
bem n'alma que, em desprezo, machucaste!
©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019