" DOIDOS "
O mundo é essa loucura inveterada,
hospício enfim, de loucos, com certeza...
Embora haja poesia e singeleza
tornou-se uma balbúrdia exagerada!...
Nós dois nos envolvemos na beleza
pois que o amor transforma e faz mudada
qualquer realidade à vida dada
nos dando do prazer com sutileza.
Só doidos como nós fazem loucura
com toda essa paixão e de alma pura
conforme se nos brilha a chama dela...
Te digo que no hospício a nós proposto
valeu-me do teu mel provar o gosto
e dividir contigo a mesma cela!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" PRESENTE "
Não me estarás aqui para um abraço;
nem sei se eu lhe estarei no pensamento...
Só sei que a tua ausência aqui lamento
pra festejar os anos que ora faço!...
Deixei que o pranto e a dor me leve, o vento,
pra longe de onde encalha o meu fracasso
de aliviar-te o peito em teu cansaço
e dar-te, ao coração febril, o alento!
Seguro as tuas mãos entre as lembranças
tal como se ainda fôssemos crianças
a caminhar os sonhos num jardim...
Me falta a tua presença aqui comigo
mas sei que ainda me dás teu colo amigo
presente nas poesias dentro em mim!
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" FAROL "
Farol ligado diz perigo à vista...
O instante, pois, requer toda a atenção
que quem se põe de encontro, em contramão,
sinalizando está mostrando a pista!...
O clima faz desperto à hora, então
não há fator maior que lhe resista...
Mantenha o foco, atente, siga, insista
que as curvas revigoram a emoção.
A adrenalina sobe, aguça o olhar
nos pontos cruciais daquele par
se aproximando mais e mais pra perto...
Perigo à vista, pois... Farol ligado
me diz que, ao pensamento, consumado
será fatal o encontro após, por certo!...
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" SINA "
Aos poucos foi perdendo graça a história,
o brilho das manhãs, o céu da tarde,
foi se extinguindo a força, sem alarde;
sumindo as dadas, rostos, da memória...
O tempo... Este não tem quem o retarde!
Aos poucos leva o ego, abate a glória,
nos trata a todos como vil escória
pra se esconder após o fim. Covarde!
Vejo o cansaço vindo nos meus dias...
O acinzentado de alvoradas frias
sobre o poeta a rabiscar a dor...
Resta-me o sopro de esperança apenas!
Viver o instante em luta, a duras penas...
Morrer do que já foi-me, um dia, amor!
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" PROCURA-TE "
Procura-te nos versos da poesia
e então verás se tens do meu amor...
Minh'alma ali se expõe sem ter pudor,
sem medo, sem temor ou covardia!
Desvende as linhas... Vejas que o teor
retrata-te sem traços de heresia
e que o afeto posto em fantasia
vem da paixão que explode em seu fervor.
Ali te exponho aos meus anseios, nua,
pois que, esta minha pele, a carne tua
anseia como o rio deseja o mar...
Nas linhas de um soneto meu, procura...
Verás que só tu és a minha cura
e que somente a ti me cumpre amar!...
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" PURO "
Por vezes tais nos chega um pensamento
discreto, disfarçado, sorrateiro
e toma o nosso tempo por inteiro
se como dono fosse do momento!...
Um tiro do desejo em nós, certeiro,
trazendo à flor da pele o sentimento
de culpa ou de pecado, após, isento
e em tudo, à voz da pele, verdadeiro!
Clamor da carne exposta à solidão
e um grito incontrolável da paixão
que à mente vem pedir por liberdade...
É chama a nos arder dentro do peito
que chega e implora amor de qualquer jeito
sem que se perca d'alma a castidade!
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" POESIA EM TI "
Constantemente tens preocupação
com estas marcas postas como estrias
se como tais roubassem dos teus dias
qualquer valor por pura usurpação!...
Sem delas sabe lá se tu terias
sequer para ti mesma de atenção;
bem sei que dissabor elas te dão
e que nenhuma delas tu querias!...
Confesso que ao te ver no banho, nua,
ou mesmo observando a pele tua
jamais me incomodou tais marcas dadas...
As vejo com olhar de muito amor
se como rimas lá do Criador
repletas de poesia em ti grafadas!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" TESTEMUNHA "
O sol brilhava ali deitado à cama
apenas por inveja da beleza
que o corpo teu, mais belo com certeza,
deixava expor-se, nu, à luz da flama.
Usando a tarde, até por sutileza,
se fez atento ao decorrer da trama
testemunhando o ardor; acesa a chama
no fogo da paixão já posta à mesa!...
E viu ferver em nós toda a vontade
na fúria do desejo em ansiedade
corrente, então, na carne a se abrasar...
Calado, como a cena pressupunha,
tornou-se na quietude testemunha
do amor em nós latente, igual, sem par!
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" AMANTE "
Eis que a poesia me pediu doce e faceira
por um abraço de ternura e de amizade;
era eu menino, ainda um moleque em tenra idade
quando a abracei, meio sem jeito, a vez primeira!
Galguei ali meus passos na felicidade
que se tornou, aos poucos, praxe costumeira
e ela bem-vinda, se entregando por inteira,
foi me envolvendo com total simplicidade.
Quando a alma clama, não há nada feito errado;
assim, não vi nessa paixão nenhum pecado
e amá-la fez-se o meu acerto mais constante...
Ela é a Poesia, o meu querer por quem suspiro,
meu bem precioso quanto o ar que hoje respiro...
É minha estrada, meu intento... Eterna amante!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019
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" VIDA E MORTE "
Já, mais que tudo, desejaste a vida
que benfazeja se mostrava adiante...
Seguias, pois, teu rumo confiante
que te seria em graça concedida!...
Também na dor, com passo relutante
quiseste a morte se, por tal, saída
te concedesse e a paz oferecida
fosse afinal o teu quinhão bastante.
O dom da vida e a consequente sorte
bem como o alívio e o descansar da morte
não fazem parte de atributos teus...
Tanto o nascer quanto o partir embora
do teu controle estão, por certo, fora
pois que dependem do querer de Deus!
©Paulo Braga Silveira Junior - Julho/2019