" FURACÃO "
Passou pela cidade um furacão
deixando pelo avesso a minha vida;
bem sei, não me era a sina pretendida,
mas pôs o meu destino em confusão.
No início era uma brisa desprendida
que foi tomando corpo e dimensão...
Não percebi qual era-lhe a intenção
até que me mostrou sua investida!
Cercando me envolveu de todo lado
me seduziu, deixou-me nu, pelado,
e me levou ao céus, pro paraíso...
Tal furacão tem nome de mulher.
Domar-lhe é o que meu corpo agora quer
com jeito, com carinho e de improviso!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Setembro/2019
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" AQUI "
Agora que, os encargos, não tens mais
e que te sobra tempo nesta vida
por certo outra pessoa pretendida
trarás para cuidar-te dos teus ais!
Massagear teus pés da dor sentida
te acompanhar nos sonhos eternais
já não serei mais eu, talvez jamais,
pois outro tens na escolha preferida.
Lembranças te virão... Talvez saudade...
E a outro contarás que em tenra idade
o afeto nos apresentou no outrora...
Eu seguirei meu rumo solitário
porém sozinho não! No imaginário
jamais de mim tu partirás embora!
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" FLOR-DE-DEUS "
Plantou-nos, Deus, uma pequena flor
mas colocou-a num gradil de espinho...
Cresceu de sonhos, num andar sozinho,
a nos doar perfume seu de amor.
A vida ingrata, sempre em desalinho,
adoeceu-lhe a seiva e impôs-lhe a dor
e, não bastasse, alguém por desamor
quebrou-a brutalmente no caminho!
Mesmo ferida e a sós, despetalada,
ciente que no Pai ainda era amada
jamais deixou de perfumar a terra...
Inalo com ternura o seu perfume
pois que lá de su'alma a chama, o lume,
é benção do Senhor que não se encerra!...
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" PRA VALER "
Saudade quando bate, bate forte
sem ter de quem a tem qualquer piedade!
Rodeia, cerca, acanha, força, invade
e não se escapa dela nem com sorte.
A surra que nos dá, a tal saudade,
é caos de um furacão de grande porte;
nos causa dor, afoga, é fundo corte
nos feito tão somente por maldade.
E sabe essa pestinha em quem bater;
não busca alguém qualquer para o escolher
nem sai batendo à toa, assim, à esmo...
Até quem homem feito como eu
se nessa confusão já se meteu
apanha pra valer... Apanha mesmo!
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" SINTONIA "
Vem que eu te quero em mim entrelaçada,
sedenta do prazer que eu te concedo...
Me busque sem vergonha ou qualquer medo,
vadia, desejosa, enfim, safada!...
A vida é breve e curto o seu enredo;
não perca tempo, vem, é madrugada;
te vista de vontade e só, mais nada,
que a noite há de guardar nosso segredo.
No toque mostre a fome, nos gemidos,
no emaranhar dos corpos, nus, unidos...
Declame, entre os suspiros, teu calor
e eu versarei, nos meus, toda a poesia
dos ventres se encontrando, em sintonia,
ao repartir contigo o meu amor.
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" SOCORRO "
Socorro me pediu no seu olhar
se como estando aflita e em perigo;
um grito suplicando um ombro amigo
para uma noite escura e sem luar!
Nem vi que o seu desejo era o inimigo,
que a ânsia lhe pulsava a jugular...
Vontade de me ter, de acasalar,
de se acabar na cama, enfim, comigo!
Lhe dei toda a atenção, dei-lhe carinho,
provei-lhe o mel vertido ali, no ninho,
e do seu fel sou eu que agora morro...
Me viciei do amor que exala, a dama,
e desde então, acesa a mesma chama,
sou eu que, até no olhar, peço socorro!...
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" EU CREIO "
Nem tudo o que Deus faz nos é direito;
pensamos não ser justo, estar errado,
até há quem lhe julgue alienado
pois tudo o que Ele dita é do Seu jeito!...
A culpa, na verdade, é do pecado
e tudo o que há de errado é dele feito.
Se o homem esta perante Deus aceito
é porque este o deu por perdoado.
Como aceitar a dor e a enfermidade,
um mundo pleno de calamidade,
a morte a caminhar por entre o povo?!...
Só Deus tem as respostas... NEle eu creio
pois que deixou Sua glória e aqui nos veio
pra dar-nos chance à fé num mundo novo!
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" ILUSÕES "
Faço, eu, de conta que você se importa,
que se entristece com a minha dor...
Te dou do abrigo deste meu amor
a crer que, tal, todo o querer comporta!...
Porque menino, ainda um sonhador,
pisando o chão dessa vereda torta
não quero ver minha esperança morta
nem te perder no caos do desamor...
A imaginar me ponho... Os corpos nus
na dança do prazer que fazem jus
se completando a mando da paixão!...
Na dúvida do que pensas de fato,
já que não fazes mais qualquer contato,
vivendo vou talvez só de ilusão!
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" MINHA DOR "
Se como um quadro em aquarela feito
pensei pintar o que minh'alma sente
mas sou poeta e a letra me é frequente
então tentei compor, mas do meu jeito!...
Precisaria um verbo que eloquente
pintasse a imagem vinda do meu peito
e no papel onde os meus versos deito
riscasse a cena como a tenho em mente.
Queria retratar com precisão
a intensidade toda da emoção
que um dia foi a luz do nosso amor...
Lembrei-me que partistes... A aquarela
não conteria a tua imagem nela...
Como é que em verso, enfim, se pinta a dor?!...
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" AGONIA "
Não me torture mais com tua ausência;
há trevas junto ao pranto em solidão
e a lágrima que cai vertente ao chão
suplica o teu favor, perdão, clemência!...
Ah! Se pudesses ver meu coração
sentindo, do vazio, a turbulência
e se tivesses do sofrer ciência
compreenderias meu silêncio, então!
Eu me ajoelho, choro, rosto em terra
na dor latente que minh'alma encerra
e morro pouco a pouco a cada dia...
Não mais, com tua ausência, me tortures
pois basta-me o futuro e seus augures
pra me lembrar, do amor, toda agonia!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Setembro/2019