" JUNTOS "

A vida quis que juntos num momento

seguíssemos a voz do coração

e, fosse como fosse essa questão,

deixássemos nos ir no sentimento!...

          Foi juntos que deitamo-nos no chão

          sem nada a governar o pensamento

          buscando, para as almas, livramento

          no fogo a consumir-nos de paixão...

Seguimos par a par como se deu

até que um dia, por desejo teu,

parti sangrando a dor que ainda me invade...

          Se fez cruel no amor nosso destino

          e para castigar tal desatino

          andar nos faz, sim, juntos na saudade!


©Paulo Braga Silveira Junior - Abril/2019

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" PROVADO "

E pôs-me frente a frente, a solidão,

com esse que hoje sou pelo caminho...

Quem fez-me conhecer o desalinho

e o desencontro do meu coração!...

          Melhor que eu siga o rumo meu sozinho

          que ver a chama ardente da paixão

          se desfazer no breu da escuridão

          por relações reféns do torvelinho.

Quem sou apenas fere e causa dor

a quem se entrega a mim com tanto ardor

supondo que o poeta é diferente...

          Provou-me, a solidão! Hoje me entendo

          e com o apelo à carne não contendo...

          Sufoco esse quem sou, de amor carente!...


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" ORGULHO "

Sacramentado o tempo disse tudo

e nos provou o que se fez calado...

Tua voz mostrou-se um grito congelado

e, de tristeza em mim, me fiz de mudo!

          O amor, que parecia ignorado,

          sem máculas de dor ou fel, contudo,

          intenso, caloroso, em paz, desnudo

          provou-nos, sem delongas, ter ficado...

Mas, ai de nós que o temos por distante

e colocados, da verdade, diante

sequer lhe damos fé por tal barulho!...

          Me creia! Ao sentimento que te invade

          e que também me envolve na saudade

          só não lhe damos vida é por orgulho.


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" ENCENAÇÃO "

Vivo a fingir que é tudo uma piada

e que o momento agora é divertido

embora tão descrente e aqui perdido

eu vá seguindo a esmo ao pó da estrada!...

          Já de mentir nem fico constrangido

          na encenação, por mim só, inventada

          que a face nem se faz de avermelhada

          quer mesmo frente ao fato desmentido.

Eu finjo que estou bem, que o riso é farto,

que nunca há solidão cá no meu quarto

e que as paixões me são por lenitivo...

          A vida sã, real, de amores plena

          se foi do palco onde a minh'alma encena

          e por fingi-la, enfim, nem mais a vivo!...


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" ESTRAGO "

A carta estava pronta e já datada

escrita sob a carga da emoção

deixando retratado um coração

entregue aos feitos da pessoa amada!

          Sincera quanto à carga em devoção

          descrita de maneira organizada,

          continha muito d'alma ali grafada

          nas linhas enfeitadas de paixão.

Contudo, achou por bem reler seu texto

usando a revisão como um pretexto

pra recordar de quem amara tanto...

          O amargo da saudade estraga o mel...

          Borrou-se as letras postas no papel

          banhadas da lembrança agora em pranto!


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" DISFARCES "

Encontras noutros braços tua paixão

e te consolas sem qualquer pudor

nas chamas delirantes de outro amor

se como presa fácil da ilusão!...

          É outro que desfruta o teu frescor

          a devorar-te o corpo em convulsão

          e gemes como fosse ali, então,

          que a mim me desses todo o teu licor.

Te entregas, mas sou eu no pensamento

presente no calor deste momento

que a todo este delírio te apetece...

          Tu pensas que, ciúmes, não te tenho!

          No disfarçar a dor bem que eu me empenho...

          Parece que não ligo... Só parece!


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" LEGADO "

Em dores tu darás à luz, Mulher,

pois grande foi por certo o teu pecado!...

A cruz deste sofrer é o teu legado

e carregá-la fez-se o teu mister!...

          Um filho há de ferir-te o peito amado

          a se fazer como um punhal qualquer

          e o teu penar, sem compaixão sequer,

          será de vê-lo à morte condenado.

Mas eis que uma criança em ti gerada

pisar há de a serpente amaldiçoada

e te prover da dor libertação...

          Bendito, pois, o Filho... Que este é Santo!

          Tivestes graça nEle, mãe, portanto

          de Deus o amor mostrou-te a compaixão!


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" SATISFEITA "

Há lenha posta ao fogo em mim; paixão,

vontade de viver, amor, carinho,

humor pra me guiar em desalinho

e fé latente n'alma em profusão!...

          Ao que de bom da vida eu bem me aninho

          deixando que essa brasa em combustão

          se faça o sonho ardente ao coração

          iluminando o vale em meu caminho.

Me deixo consumir na chama ardente

da entrega a dois, intensa e inconsequente,

que sela os corpos nus nesse bailado

          e me compraz, no após, olhar a eleita

          extenuada, plena, satisfeita

          adormecer ali junto ao meu lado!


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" FELIZ "

Pra ser feliz? Bem pouco ou quase nada...

Bastou toda a emoção na tarde, um dia!

Foi tanta, num olhar que me sorria,

que compensou-me toda a paz sonhada.

          Feliz me fiz no abraço em noite fria

          num bangalô na serra onde a florada

          de estrelas mil se via iluminada...

          Ao peito meu, também, o amor floria!...

Colhi felicidade aos pés da lua,

no ventre da rainha arfante, nua,

tomada da paixão em nós crescente...

          Ah... Sim... Feliz eu fui! Bastava o pouco...

          Tão pouco que, poeta, amante ou louco,

          feliz ainda me faz o amor presente!...


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" A SANTOS "

Um quarto de hospital, isolamento,

paredes brancas mudas como a morte

testemunhando a cruz da minha sorte

me imposta em dor cruel e sofrimento!...

          Levaste-me ao inferno a ferro forte

          como os grilhões sem fim do meu tormento

          sabendo haver-me n'alma o juramento

          de me manter fiel em rumo e norte.

Acreditaste em mim, ó Deus bendito

e, embora eu traga o mar num peito aflito,

não blasfemei de ti neste amargor...

          Eu creio, mesmo frente ao caos da vida,

          que Tu trarás minh'alma redimida

          e eu hei de em Ti viver o eterno amor!


©Paulo Braga Silveira Junior - Maio/2019

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