" OUTRAS ÁGUAS "


O cheiro era tão bom; terra molhada

da chuva ao fim da tarde no verão...

Encheu-me de esperança e inspiração

o pranto desta mágoa derramada!...

          Aroma lá da infância ao coração

          quando eu molhava os pés numa enxurrada

          pensando: pra onde vai a água levada?

          Tem ela alguém à espera ao ribeirão?

E navegava nela o pensamento

liberto de fatiga ou sofrimento...

Minh'alma era lavada na inocência...

          Eu, hoje, piso as águas da saudade

          molhando os pés no pranto que me invade

          sem festa, sem aroma, sem clemência!!...


©Paulo Braga Silveira Junior - Setembro/2018

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" ERA PRA SER "

Nasceu pra ser eterno e derradeiro

e, assim, era pra ser pra vida inteira...

Se fez pra ser risada, a costumeira;

o riso mais constante e verdadeiro!...

          Chegou pra ser paixão, feito a primeira

          que faz-se n'alma encanto lisonjeiro

          e, então, era pra ser fiel, guerreiro,

          igual a prece aos céus: leve e ligeira.

Pra ser o amor bastante; um entrelaço

tão firme quanto o encanto de um abraço...

Se fez pra ser cantiga a enternecer...

          Amor de corpos nus, ventres colados,

          suspiros, pela noite, apaixonados...

          Amor que sempre amor era pra ser!!...


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" NO MEU TOM "

Embora a voz não tenha o timbre certo,

aquele que te encanta e te domina

meu canto diz do amor por ti, menina,

do quanto que foi bom te ter por perto!...

          Minh'alma perde o passo, desafina,

          no laço do compasso puro, incerto

          porém, mesmo no sol desse deserto,

          a cada dia o afeto se refina

e vou cantarolando em meu destino

sonhando, ainda, o sonho de menino,

ciente do que sou aos olhos teus...

          Assim, semitonando a cada passo,

          elevo a voz aos céus nesse entrelaço

          e clamo por teu bem ao próprio Deus!


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" ENCONTROS E DESENCONTROS "

A vida, dos encontros, se faz feita

mas, muitos desencontros há na vida!

Uma emoção, no coração, sentida

se perde às vezes, mesmo sendo a eleita.

          Gostoso olhar a amada, a flor querida,

          e contemplá-la, à cama, satisfeita;

          bendito o ventre onde o querer se deita

          e o homem que se apraz da pretendida.

Contudo, há pela estrada os descaminhos,

amantes tão distantes dos carinhos,

abraços sem mais traços de ternura...

          Encontros, desencontros, pranto e riso,

          perdeu-se dentro d'alma o paraíso...

          Amar tornou-se insano; uma loucura!


©Paulo Braga Silveira Junior - Outubro/2018

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" HORA CERTA "

Eleve o som do rádio, deixe o vento

levar ao mundo o som dessa alegria

que a vida concedeu-te mais um dia

na luz de um céu de paz, pra teu alento!...

          Festeje o dom do amor que se irradia

          e tenha uma saudade ao pensamento

          que é sempre bom lembrar um sentimento

          que deu-te, da paixão, sua fantasia.

Celebre... Te desnude dos cansaços

e beije, entre o carinho dos abraços,

se como a última vez te fosse agora...

          Não deixe pra depois... Viva o presente

          que o tempo novas chances não consente

          e, para amar de fato, esta é a hora!!...


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" ONDE ANDAS "

Sorrias meu sorriso e num abraço

te acomodavas toda prazerosa

tal como, a vida, fosse cor de rosa,

isenta de sofrer ou de cansaço!...

          Assim te deleitavas toda prosa

          trazendo no semblante um forte traço

          de que teu ser morava em meu regaço

          e que a paixão nos era fervorosa.

Gozavas nosso amor sem fingimento

e degustava a dois deste momento

sem pressa, pois que o gozo se demora...

          Minh'alma e o corpo meu na tua ausência

          a perecer perguntam, com frequência:

          Amor, por onde que andas tu agora??...


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                    " CONTROVERSO "

Eu me tornei assim, esse perdido

atravessando o imenso e vão deserto

sem ter sequer à frente um rumo certo

e sem ver, no viver, qualquer sentido!

           Virei esse poeta à dor desperto

           sangrado o peito em versos, só, ferido,

           vazio de razões, desiludido,

           refém das ilusões a céu aberto.

Sou eu, das emoções, fiel escravo

e das batalhas tantas que hoje travo

o que sobrou de mim é simples verso...

           A rima se perdeu, a inspiração

           e todo o amor cercado de paixão

           se fez esse meu eu tão controverso!...


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" EXPOSTO "

O jeito teu maroto, a mil, menina

sapeca, brincalhona e divertida

é puro encanto e luz na minha vida;

me toca, me seduz e me fascina!

          E nada tens de incauta ou de inibida

          fazendo-se guerreira em frente a lida...

          A dois, és sedução, caça e felina

          um pouco santa e, um tanto, pervertida.

Destilas com saber da tua magia

e todo o teu querer me contagia

pro jogo da paixão à cama posto...

          Dançar te chamo à chama do desejo

          colando os ventres nus quando te vejo

          sedenta deste amor a nós exposto!


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" ACONTECEU "

Aconteceu porque era este o destino

e, por assim o ser, fez-se verdade;

brotou de vez com naturalidade

do nada, por acaso, repentino!...

          E aconteceu de ser fatalidade;

          um erro, ou vez, percalço; um desatino,

          tropeço até, quem sabe, genuíno

          dos tantos que se vê na humanidade.

Foi simplesmente assim: aconteceu

e, como um sonho lindo, floresceu

tomando as proporções de uma paixão

          pra se fazer após mágoa e tristeza

          tombando no caminho da incerteza...

          E aconteceu de ser mera ilusão!...


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" GUARDADA "

Cabelo cor de mel, sempre cuidado,

a lhe adornar com graça e encanto o rosto...

No olhar, um sonho sem limites posto

se, tal, de estrelas fosse iluminado!

          Provei-lhe a carne e, do prazer, o gosto

          por entre as suas coxas enredado

          e, deste embate a dois, entrelaçado

          nasceu o amor que foi a nós proposto.

Assim ela se fez minha guarida,

o alento e a paz pra qualquer dor sentida,

a companheira eterna pra jornada...

          Distante hoje se vai o tempo dado...

          Se fez, o conto, em bênçãos consumado

          e ainda a tenho em mim por minha amada!


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