" PALAVRAS "
Às vezes um soneto pega a gente
se como ele nos lesse o coração;
nos mexe com a alma e a emoção
de forma extremamente contundente!
Desperta o fogo ardente da paixão,
nos faz chorar ou rir ou, então, se sente
que o verso colocado, tão coerente,
nos traz do encanto o gosto e a sensação.
Eu tenho nele posto os meus segredos
meu ego, vaidade e até meus medos
bem como a intensa dor que ainda me cravas...
Quem dele se distrai ou vez se encanta
percebe que há saudade escrita -e quanta-
ao ler do afeto o peso das palavras!
©Paulo Braga Silveira Junior - Fevereiro/2019
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" CONTROVERSO "
Naqueles olhos navegou o amor
em marejadas de um olhar dorido
como a buscar por entre o céu, perdido,
o beijo doce do seu beija-flor!...
Se fez lugar de amparo a quem, ferido,
buscou no ventre seu todo o fervor
e descansou após, no seu calor,
pra ter o alento santo pretendido.
Sim... Era uma mulher franca e sincera
de quem colher, o afeto, bem se espera
e, ao mesmo tempo, o cicio de um mar brando...
Seus lábios, doce mel por mim provado,
diziam tanto amar, em ódio irado,
bem como me odiar mesmo me amando!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Fevereiro/2019
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" CARNAVAL ETERNO "
Do amor vestimos nós a fantasia
levados na marchinha da paixão
e fez-se, a nossa cama, de salão
ornamentada toda de poesia!...
Assim, brincamos nós toda a ilusão,
o sonho que nas preces nos cabia
e nos refestelamos noite e dia;
dois corpos numa plena comunhão.
Me desfilaste, nua, os teus anseios
e desfrutei-te a boca, o ventre, os seios
dançando o apelo em nós voraz, carnal...
Não mais cessou-me o gozo desta festa
pois, para os dias todos que me resta
será, nessa minha'alma, carnaval!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" INSIGHT "
Um filme me passou pela lembrança
trazendo alguns instantes do passado...
Bailei do outrora os sonhos meus, calado,
conforme o recordar me impunha a dança
e fui observando o seu recado
que n'alma o breve insight à luz me lança
ciente que esse conto que me alcança
é parte de quem sou, já consumado.
Plantei muito querer, reguei de pranto,
colhi, de amores, meu prazer (e quanto)
que foi-se no passar dos vendavais....
Assim me fiz o velho de hoje em dia
que se revive um pouco na poesia
lembrando os tempos de outros carnavais!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" TALVEZ "
Tentar até que tento, mas, vazio
meu coração se sente a todo hora
saudoso do prazer que teve outrora
quando a paixão se fez em pleno cio!...
Há solidão em mim no instante agora
e, sem do riso a paz, me silencio...
Quem dera a dois, sobre o colchão macio,
me fosse o recordar, de vez, embora.
Em cada canto que me encanto há falta
do amor que tive, então minha alma incauta
se faz morrer aos poucos pela estrada...
Te juro... Até que tento e sei que, um dia,
hei de encontrar alguém que me sorria
a quem minh'alma ame e seja amada!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" CONDUTOR "
É noite em si completa, madrugada,
e o corpo nu se estende junto ao leito
após o intenso ardor do amor já feito...
Assim ela se aquieta ali, saciada!...
Ele adormece a segurar-lhe o peito
em tal carícia posta, improvisada,
e ela se sente par, amante, amada,
a se encaixar perfeita no seu jeito!
Não foi prazer apenas, não só coito
a saciar da fome o couro afoito;
foi mesmo o encontro de almas sem juízo...
O copular é coisa do animal
mas, quando existe amor puro e real,
o homem leva a dama ao paraíso!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" SEM SENTIDO "
Vesti-me com o meu melhor sorriso
e me adornei do amor no olhar postado
porque tu te atrevestes ao meu lado
a andar pelos caminhos que diviso!...
Botei no peito o dom de apaixonado
e te puxei pra mim meio a improviso
que amar-te pareceu-me de bom siso
e um dia me chamastes "Meu amado".
A estrada dividiu-se em dois caminhos
e fomos nós, em cada qual, sozinhos...
Achei-me, sem você, triste e perdido...
Se quando, aos dois, o amor é verdadeiro
vagar por este chão sem companheiro
não tem explicação nem faz sentido!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" DESALMADO "
Não te apaixones por quem sou, menina,
que poucos sabes tu sobre o amor...
Te encantas do que crês ser sedutor;
do que traduz por belo tua retina!...
Incauta, não percebes que este ator
tem alma de animal, suja e ferina;
irá cercar-te em qualquer uma esquina
pra devorar-te após sem ter pudor.
Por certo este poeta que te encanta
há de roubar-te essa pureza santa
e te satisfazer a carne aflita
mas... Ah! Mulher de sonhos... Não te iludas!
Aquelas que me dão prazer desnudas
descobrem que o amor não mais me habita!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" RECAÍDA "
Por que será que em mim eu te retenho
não só nos sentimentos e lembrança;
também o leve toque teu me alcança
por vias deste amor que ainda te tenho!
Mistura-se o querer, a mim se entrança
toda a vontade em fogo posto ao lenho
por mais que, em te esquecer, me haja o empenho...
A fúria da paixão, voraz, me alcança.
Me recompor é tudo o que preciso;
trazer de volta ao rosto o meu sorriso
que te deixei no olhar dizendo adeus...
Preciso te esquecer... Morrer de vez
a tempo de evitar a insensatez
de me atirar de novo aos braços teus!
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019
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" SAFADA "
Do nada faz o jogo, dita a manha
pra despertar em mim toda a vontade.
É dama do querer, tem plena idade
pra ver que o que ela faz me toca e assanha!
Simula estar distante; na verdade
o seu olhar me segue e me acompanha...
Tem fome de paixão; sede tamanha
que prova, desse ardor, a intensidade.
De ingênua ela se faz, de pura e casta,
mas seu agir lhe trai e se contrasta...
Eu sei que ela de santa não tem nada!...
A pego ainda de jeito qualquer dia
e lhe descubro o véu, a fantasia,
provando o mel que tem essa safada!!...
©Paulo Braga Silveira Junior - Março/2019